Autor: Thales Kroth de Souza
Muito acima da identidade sul-americana de conquistar o impossível, o futebol está presente no folclore, cultura e aspectos de esperança, pertencimento e socialização. Com 63 edições, a Copa Libertadores da América tem um prestígio totalmente diferente principalmente pela linda homenagem que começa no nome: "Libertadores" em clara associação com os principais líderes da independência dos países da América do Sul: José Artigas (Uruguai), José de San Martín (Argentina, Chile e Peru), José Bonifácio de Andrada e Silva & D. Pedro I (Brasil), Antonio José de Sucre (Equador, Peru, Bolívia e Venezuela), Bernardo O'Higgins Riquelme (Chile e Peru), Miguel Hidalgo (México), Fulgencio Yegros e Pedro Juan Caballero (Paraguai), Jose Marti e Carlos Manuel de Céspedes (Cuba), Juan Pablo Duarte (República Dominicana), Thomas Cochrane ( Brasil, Chile e Peru), Juana Azurduy (Bolívia e Peru) e Simon Bolívar ( Colômbia, Venezuela, Equador, Panamá, Colômbia, Peru e Bolívia), entre outros.
O torneio tem participação de 44 equipes de 10 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela), sofrendo variações conforme o tempo, mas o chaveamento faz com que o torneio seja bem concorrido. O vencedor classifica-se para a Copa do Mundo de Clubes da FIFA (como representante da CONMEBOL) e na Recopa Sul-Americana do ano seguinte contra o vencedor da Copa dos Campeões da CONCACAF.
Além da busca pelo troféu e da "Gloria Eterna", há um esquema da premiação que é bem atrativo e valoriza a competência dos clubes que vão avançando de fase. Eliminado da primeira, segunda e terceira fases, chamada como pré-libertadores, recebem US$400k, US$500k e US$600k respectivamente; eliminados na fase de grupos recebe US$3M, vitória nessa fase US$300k; oitavas (US$1,25M), quartas (US$1,7M) e semifinal (US$2,3M); quando a final concede para o vice-campeão o prêmio de US$7M e de US$18M para o campeão. No total, são distribuídos US$207,8M com impacto e arrecadação a partir das cotas de transmissão audiovisual, publicidade em estádios, etc.
Entre os clubes, o Independiente-ARG (7) é o recordista de títulos, seguido pelo Boca Juniors-ARG (6), Peñarol-URU (5), River Plate-ARG (4), Estudiantes-ARG (4), Olímpia-PAR (3), Nacional-URU (3), São Paulo-BRA (3), Palmeiras-BRA (3), Grêmio-BRA (3), Santos-BRA (3), Flamengo-BRA (3), Cruzeiro-BRA (2), Internacional-BRA (2), Atlético Nacional-COL (2), Colo-Colo-CHI (1), LDU-EQU (1), Once Caldas-COL (1), Vélez Sarsfield-ARG (1), San Lorenzo-ARG (1), Racing-ARG (1), Argentinos Juniors-ARG (1), Atlético Mineiro-BRA (1), Corinthians-BRA (1) e Vasco da Gama-BRA (1).
A Argentina teve mais campeões com 25, seguidos pelo Brasil (22), Uruguai (8), Colômbia (3), Paraguai (3), Chile (1) e Equador (1); o Brasil tem mais diversidades de clubes com 10 representantes, seguido da Argentina (8), Uruguai (2), Colômbia (2), Paraguai (1), Chile (1) e Equador (1). Das 64 edições da Copa, os clubes que mais participaram foram Nacional-URU (50), Olímpia-PAR (45), River Plate-ARG (39), Sporting Cristal-PER (38), Bolíviar-BOL (37), Colo-Colo-CHI (36), etc.
O torneio é altamente desejado, cobiçado, sonhado e visionado pelos participantes de forma que, mesmo clubes que ainda não estão participando da edição, esforçam-se para conseguirem se classificar em seus campeonatos nacionais. Em muitos casos há investimentos pesados em contratações e bonificações para motivação da equipe. Como há um forte interesse pela cobiça de títulos, há na formação de currículo como em jogadores que conseguem a classificação em seus clubes e possuem o desejo de permanecer no time para disputá-la. Essa questão envolvendo milhões de dólares faz que o apreço pelo campeonato ganhe um parâmetro cultural e disruptivo para a gestão de clubes.
O ex-goleiro do Boca Juniors-ARG, Óscar Córdoba, afirmou para o jornal Cancha Llena que a Copa Libertadores é torneio mais importante que havia vencido em sua carreira, acima da Copa Intercontinental, conquistada contra o Real Madrid-ESP, em 2000 e de campeonatos nacionais como o da Argentina em 2000 pelo próprio Boca Juniors-ARG, colombiano pelo América de Cali-COL (1997) e turco pelo Beşiktaş (2003).
Tão cobiçada por clubes e atletas, mesmo jogadores pertencentes a outros continentes possuem a mesma ambiação como o meia brasileiro e português Deco, vencedor de duas Ligas dos Campeões da UEFA pelo Porto-POR (2004) e Barcelona-ESP (2006) que disse que trocaria as duas conquistas continentais por um título da Libertadores: “Na Libertadores há mais times que, há muito mais times capazes de vencer o torneio e na Liga dos Campeões sempre acabam sendo os mesmos 5 ou 6 que brigam. Além das distâncias e dos diferentes climas dentro de uma mesma região, acho que na América do Sul há muito menos diferença entre os grandes e os pequenos, o que significa que um bom grupo que não tem uma tradição internacional incentiva qualquer jogador histórico a vencê-lo. O jogador sul-americano tem uma personalidade muito forte." (Pasion Libertadores, 2012)
Na edição atual, de número 64, já sabe-se um finalista: o Fluminense-BRA, que chega pela segunda vez a uma final após eliminar o Internacional-BRA no jogo de volta por 2 a 1 (ida foi 2 a 2), além de tornar o atacante Gérman Cano artilheiro da competição com 12 gols. Na espera pelo próximo finalista, Palmeiras-BRA (o melhor ataque na fase inicial com 16 gols) enfrenta o Boca Juniors-ARG (melhor defesa na fase inicial com 2 gols) em um jogo de volta embalado após um empate sem gols no jogo de ida. Desde 2019, a CONMEBOL implanta o sistema com final em jogo único escolhendo previamente o local da final como Monumental U em Lima, Peru (2019), Maracanã no Rio de Janeiro, Brasil (2020), Centenario em Montevidéu, Uruguai (2021), Monumental de Guayaquil em Guayaquil, Equador (2022) e, em 2023, no Maracanã novamente.
A final da edição #64 está programa para ocorrer dia 04 de novembro e promete emocionar, mexer com os nervos, mexer com o coração dos torcedores e apaixonados pelo seu clube, ou mesmo acompanhando o adversário, pois passará pelos mesmos degraus e dificuldades, momentos de divididas e contra-ataques, seja pagando promessa de joelhos ou eternizando na pele por uma tatuagem, "la gloria eterna" mexe com o imaginário popular e não há palavras para medir essa conquista.
Envie para ksthales@gmail.com dúvidas, informações, sugestões e comentários.