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Thales Kroth de Souza

Autor: Thales Kroth de Souza

Oxitocina: Quais Os Avanços Da Química Do Amor Na Ciência & O Que É O Amor?

24/11/2022 - Osasco - SP

Você deve ter ouvido diversas e diversas vezes que "rolou uma química" a respeito do amor que sentiu por alguém ou alguma coisa, pois fique sabendo que foi a ocitocina ou oxitocina, um hormônio produzido pelo hipotálamo, uma região do encéfalo e armazenado na hipófise posterior (neuro-hipófise), uma glândula endócrina com cerca de 1 cm de diâmetro alojada na sela túrcia ou fossa hipofisária do osso esfenoide no cérebro. Quando compara-se a relevância desse assunto, verifica-se que o amor tem sua importância nessa discussão, realmente, o amor pode ser sentido, fazer sentido e conduzir um "sentido" com o perdão da palavra? Vamos a ver.

Que fique bem claro que a oxitocina possui funções biológicas acoplados à proteína G, que requer magnésio e colesterol para seu bom funcionamento.

Dentre tantos efeitos físicos e psicológicos, destaque para o apego entre familiares, as habilidades sociais, o alívio ao estresse, o prazer sexual, fortalecimento dos relacionamentos amorosos, o sono, a generosidade, bom para a amamentação, para o parto normal, para a criação de memórias, o reconhecimento de alguém, a empatia, a resiliência, a expressão para comportamentos ligados às interações sociais, ao convívio social, entre outros.

O ser humano sempre teve interesse em entender os órgãos mais complexos de seu corpo: o cérebro e o coração. O hormônio do amor pode ter potencial de regenerar o coração em estudo da Michigan State University indicou indícios sobre que uma função específica seria a de regenerar o coração. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no periódico científico Frontiers in Cell and Developmental Biology com produção dos pesquisadores Aaron H. Wasserman, Amanda R. Huang, Yonatan R. Lewis-Israeli, McKenna D. Dooley, Allison L. Mitchell, Manigandan Venkatesan e Aitor Aguirre, disponível em https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcell.2022.985298/full para futuras pesquisas.

Na pesquisa produzida por Marek Jankowski, Tom L. Broderick e Jolanta Gutkowska, respectivamente do departamento labolatorial bioquímico e do departamento de medicina da University of Montreal, e do labolatório de diabetes e metabolismo do exercício do Departamento de Psicologia na Midwestern University, aponta que a oxitocina tem papel de proteger o sistema cardiovascular com a diminuição da pressão arterial e redução da inflação. O estudo sobre a percepção que o coração humano tem capacidade limitada de reparar ou substituir tecido danificado ou morto sugerem que estudos em animais podem ocorrer também em humanos adultos. Todavia, parece que o processo que ocorre em pessoas, parece se desdobrar de maneira muito ineficiente e em poucas células para resultar em uma regeneração significativa dos tecidos após um ataque cardíaco, segundo os autores. A pesquisa pode ser acessada em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.02139/full com seus resultados, identificações e processos.

A oxitocina foi descoberta em 1909 pelo farmacologista inglês Sir Henry Hallett Dale (1875-1968) o qual notou que o hormônio levava à contração do útero em gatas grávidas. Laureado com o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1936 com Otto Loewi, por pesquisar trocas químicas no sistema nervoso. Com prêmios como Membro do Royal Society (1914), Medalha Real (1924), Prêmio Cameron de Terapêutica da University of Edimburgh (1926), Knight Bachelor (1932), Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina (1936), Medalha Copley (1937), Cavaleiro da Grande Cruz (1943), Ordem do Mérito (1944), Prêmio Liberdade da Cidade (1947) e Medalha Príncipe Albert (1956); recebeu seu diploma de Doutor em Medicina pela University of Cambridge em 1909.

Através da descoberta de Dale foi possível obter a fórmula química da oxitocina, que é: C43H66N12O12S2

O amor faz parte de uma transformação maior da ciência e da conquista humana para obter respostas para si mesmo e para facilitar, construir, desenvolver e tecer condições para a qualidade de vida humana. O processo científico possibilita a configuração da ciência avançar tratamentos, curas, fórmulas, vacinas, experimentos, questões em aberto. Para o sentimento tem a mesma vertente de querer ousar questionar e não aceitar nenhuma resposta como fim, pois a finalidade das relações sociais é a construção da conexão, do "frio na barriga", das "mãos suando", daquele suor que passa e escorre pelo rosto com o "coração acelerado" e a vergonha avermelha a face; tudo isso faz parte da essência da humanidade com efeitos do amor.

A oxitocina está mais presente em nossas vidas do que podemos imaginar. O amor está presente nas relações humanas, na projeção do ser humano em ser protagonista e querido para seus entes, nas conquistas, no apego as coisas, nas realizações de bem estar, autorrealizações, estima, segurança, acolhida, conforto, sentimento de amor. O que dizer mais de um hormônio que fala muito mais do futuro do sentimento do que a presença que não em como ser descrita. Do amor que se forma, dos encontros, casamentos, filhos, netos, das gerações passando para novas gerações: conselhos, confortos, abraços, beijos, as memórias e histórias que são passadas através das gerações. Tantas questões envolvidas nesse hormônio que ainda pensa-se: o que é o amor?

Para o escritor e poeta português Luíz Vaz de Camões (1524-1580), através de um soneto, dentro da obra poética Rimas (1598), mostra como o amor pode ser supracitado, referenciado, eternizado em palavras sucintas, subjetivas, descritas como um fenômeno químico, biológico, psicológico e humano.

Camões escreve:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

 

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.

 

É querer estar preso por vontade

É servir a quem vence o vencedor,

É ter com quem nos mata lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade;

Se tão contrário a si é o mesmo amor?

A quem mais possa se interessar, Paulo, apóstolo de Jesus, descreve um amor em definição com a liberdade de como ele se protagoniza na vida e como experiência prática.

Paulo escreve:

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o amor." (1 Coríntios 13, 1:13)

E estes não são exemplos estáticos, imutáveis, são exemplos vivificados, da ciência para a poesia, da teoria para a prática, o amor rejuvenesce, faz bem, alimenta a alma e protagoniza estímulos para que as pessoas dêem a volta por cima de suas adversidades, problemas, desafios, brigas, discussões, desesperos, momentos de vulnerabilidades, momentos de aprendizagem. O amor cria, o amor faz, o amor realiza.

Se dos sonhos quando criança você queria voar em certa maneira a uma distância, você saberá quais são seus limites e poderá se permitir amar e ser amado, valorizar e ser valorizado, trocar visitas, licenças, favores, apegos, desapegos, informações, pontos em comum ou então com valorização às diferenças, à diversidade de nacionalidade, cultura, etnia, credo, pensamento, política, geracional e, por quẽ não, do amor.

Eis que escrever linhas inteiras será mais uma pertinência da sua ousadia em valorizar o amor. O amor para o bem, para se fazer presente. Salve o amor.

 

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